terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Dolo eventual

(por Cláudia)

Uma coisa que muitos motoristas não conseguem entender (ou fingem que não entendem) é que o trânsito não é constituído somente de veículos motorizados. O artigo 96 do Código Brasileiro de Trânsito (Lei nº 9.503/97) traz uma relação dos veículos de passageiros, e a bicicleta é a primeira dessa lista.

Constitui infração, de acordo com o artigo 201 do CBT, "deixar de guardar a distância lateral de um metro e cinqüenta centímetros ao passar ou ultrapassar bicicleta". Também é infração, segundo o artigo 220, inciso XIII, "deixar de reduzir a velocidade do veículo de forma compatível com a segurança do trânsito ao ultrapassar ciclista".

Ainda assim, o que se vê nas ruas é um total desrespeito dos motoristas de veículos automotores em relação aos ciclistas. Na prática, boa parte deles não apenas ignora o que estabelece o CBT, como capricha na infração: acelera e bota por cima.

Olha, lá vem o "dolo eventual". É assim que eu costumo apelidar esses sujeitos, homicidas em potencial, que embora (talvez) não queiram matar os ciclistas, assumem esse risco e pouco se importam se isso acontecer. Afinal de contas, quem deu a esses "desocupados" o "direito" de usar a rua "deles"?

Pior ainda é quando esse tipo de comportamento vem de motoristas supostamente profissionais como taxistas e motoristas de ônibus. E foi o que presenciamos esta noite, pedalando com um grupo. Um carro de apoio sinalizava a passagem das bicicletas quando um ônibus entrou em alta velocidade na praça do Clube Internacional, desviou da van e seguiu com tudo para cima dos ciclistas que estavam à frente do grupo.

Por sorte, e graças à agilidade de alguns integrantes do grupo, que conseguiram fazer o motorista reduzir a velocidade (ele não parou), ninguém se machucou. Mas as autoridades e os gestores de empresas de ônibus (que deveriam capacitar os motoristas e ser mais criteriosos na escolha de seus "profissionais") precisam deixar de ser omissos se não quiserem ser cúmplices de uma possível tragédia.

Um comentário:

  1. Pois é, Cláudia. A minha primeira queda durante o passeio noturno das terças em Recife, foi, justamente, por que um ônibus não respeitou um grupo de ciclistas passar, apesar da sinalização do guia, e atravessou na nossa frente e parou. Por isso, ficamos para trás e eu, marinheira de primeira viagem, escorreguei na areia. O resultado você viu na minha perna. Até fisioterapia eu tive que fazer.

    Aqui no Rio eu só andei de carro duas vezes desde que cheguei, para fazer compras no supermercado. Tenha andado só de Metrô ou a pé mesmo, pois tem muitas coisas por perto mesmo. Bicicleta ainda não, pois na mudança o transporte fez o favor de empenar o pino do reboque e não consigo colocar o transportador de bikes, mas vou desempenar para começar meus passeios por aqui também. :)

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