segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Resposta do Consórcio Grande Recife

(por Cláudia)

No dia 8 de dezembro, a mensagem que eu havia enviado à ouvidoria do Consórcio Grande Recife completou um mês sem resposta. Eu ia fazer um texto alusivo ao "mensário", mas no dia anterior, tento relatado o fato no Fórum Mobilidade Urbana e Qualidade de Vida, promovido pelo Observatório do Recife e pela Urbana-PE, fui procurada por um simpático funcionário do Consórcio que se comprometeu a providenciar uma resposta.

O funcionário cumpriu o prometido, e hoje eu recebi a resposta da ouvidoria. Gostaria de agradecer a ele pelo empenho na solução do problema, mas não posso deixar de fazer algumas críticas à situação, inclusive na expectativa de que o serviço prestado pelo Consórcio venha a melhorar.

Em primeiro lugar, é importante destacar que eu só recebi a resposta, um mês e cinco dias após ter enviado a mensagem, porque tive a oportunidade de contar a história no Fórum e a sorte de ser ouvida por um funcionário que estava lá e resolveu me ajudar. O que se espera de um bom atendimento é que todos os usuários sejam atendidos com rapidez pelo simples fato de entrar em contato.

Em segundo lugar, nem tudo foi esclarecido. Minha mensagem tratava de um problema que tive com a linha nº 527, Sítio dos Pintos/IMIP (Joana Bezerra): no último dia 8/11, passei uma hora na parada e o ônibus não passou. A resposta do Consórcio Grande Recife fala sobre isso, mas deixa de lado uma segunda questão, também abordada na minha mensagem: por que a central 0800 não recebe ligações de telefone móvel (para viabilizar o contato dos usuários que estão no meio da rua) e por que eu não consigo ligar para a central a partir do meu próprio telefone fixo? A dificuldade (ou mesmo impossibilidade) de se fazer um contato telefônico com o Consórcio é algo que requer uma explicação decente, não apenas para mim, mas para todos os usuários dos ônibus que circulam no Recife.

A resposta do Consórcio diz que "quanto aos celulares é preciso que seja desenvolvido sistema com monitoramento de GPS, para que possamos dar a informação deslocamentos, de onde estou ... para aonde vou". Bom, eu não desejava, naquele momento, uma informação do tipo "estou na Rua Frei Matias Téves e quero ir para a Av. Rosa e Silva". Queria apenas saber se a linha 527 ainda passava naquela parada. Não há necessidade de GPS para isso. Aliás, também não é necessário GPS para a primeira informação, porque o site Ônibus Recife, que sequer é vinculado ao Consórcio, já presta esse serviço.

Fui informada de que o problema com a área (quando eu fui ligar do meu telefone fixo para a central 0800 ouvi a seguinte mensagem: "o número do serviço discado não pode ser acessado por esta área geográfica") seria encaminhada imediatamente para a Oi Telemar, e que "este tipo de problema já ocorreu anteriormente". Ora, se o problema já havia acontecido, por que só agora a Oi Telemar será informada?

Com relação ao fato de o ônibus não ter passado naquele dia, a explicação foi "dia 20 de outubro de 2010 houve uma mudança do itinerário desta linha". Eu bem que suspeitava disso. Em sua resposta, o Consórcio informa que a alteração do percurso destinou-se a "atender aos funcionários e usuários do Fórum Joana Bezerra" e "foi divulgada através de cartazes em todos os ônibus que compõem a frota desta linha, bem como nas paradas da rua que deixou de ser atendida (Frei Matias Teves)".

Ok, a afixação de cartazes era o mínimo que poderia ter sido feito (ainda que eu não tenha jamais visto esse cartaz na parada, que é a mesma onde sempre pego a linha Mustardinha). Porém, no dia 8 de novembro, 20 dias após a mudança, o site do Consórcio Grande Recife (eu verifiquei assim que cheguei em casa, antes de mandar a mensagem para a ouvidoria) trazia a informação de que a Frei Matias Téves ainda fazia parte do itinerário dessa linha (hoje, felizmente, a informação já está atualizada). Ora, os cartazes nos ônibus servem para quem usa a mesma linha todos os dias, mas usuários eventuais não têm como adivinhar essas mudanças, até porque a parada não tem a lista das linhas que param lá.

Conclusão: apesar da boa vontade de alguns funcionários (espero que eles também sejam atenciosos com outros passageiros), o serviço de atendimento ao usuário do Consórcio Grande Recife tem muito a melhorar. Essa melhoria depende de mudanças simples, que não precisam de grandes investimentos, nem de alta tecnologia, mas de organização, planejamento e respeito ao cidadão.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Trilha para casa

(por Cláudia)

Domingo passado eu e Márcio saímos para tirar umas fotos para o relato que apresentamos ontem (7/12) no Fórum Mobilidade Urbana e Qualidade de Vida, promovido pelo Observatório do Recife e pela Urbana-PE (falaremos mais tarde sobre o evento). Fizemos alguns registros interessantes das calçadas por onde passo no meu caminho a pé do trabalho para casa, do cruzamento da Rua General Joaquim Ignácio com a Av. Agamenon Magalhães até a lanchonete Habib's da Av. Abdias de Carvalho. Para quem não sabe, a General Joaquim Ignácio é a rua onde fica o restaurante Skillus, na Ilha do Leite, que "vira" Abdias de Carvalho* do outro lado da Agamenon.

Eu já havia falado das calçadas do Recife aqui no blog, particularmente na Rua do Príncipe e na Rua Bispo Cardoso Ayres, no bairro da Boa Vista. Porém, como costumo voltar para casa à noite, nunca havia tido a oportunidade de mostrar a trilha que eu tenho que enfrentar ao longo desse caminho.

É assim que começa a minha caminhada pela Av. Abdias de Carvalho, logo após a difícil travessia da Av. Agamenon Magalhães:



A foto abaixo foi tirada uns 10 metros após a anterior. Nesse trecho, muitos pedestres têm que andar pela rua. Além da calçada, já estreita, estar em péssimas condições, um vendedor de batatas fritas instala sua barraquinha todos os dias, de segunda a sexta, logo após essa árvore que está em primeiro plano. Não bastasse isso, há uma parada de ônibus mais adiante (vejam lá atrás, na foto) e as pessoas precisam ocupar a calçada para esperar (o que é um direito delas, claro).



O buraco da foto acima visto de perto. Será que precisamos de botas de trekking e bastões de caminhada para andar pelo Recife?



O espaço dessa parada é absolutamente insuficiente para os passageiros que precisam esperar os ônibus.



Observem que a lateral da parada ocupa metade da largura da calçada, o que dificulta a passagem dos pedestres (a parada é necessária, a calçada é que é estreita).



A calçada está chegando ao fim, e será preciso atravessar uma pequena rua, com tráfego intenso (no horário em que passo por aí) para chegar à outra calçada. Não há faixa de pedestres (e se houvesse, provavelmente a maioria dos carros não iria respeitá-la). No outro lado da rua há um colégio. Para evitar que os pais possam parar os carros para deixar seus filhos sem atrapalhar muito o trânsito na rua, parte da calçada foi destinada aos veículos, em detrimento dos pedestres.



Aqui dá pra ver melhor: calçada para os carros!



E assim começa a calçada do colégio: acessibilidade zero! Se conseguir passar do meio fio sem acidentes, o pedestre ainda tem que se livrar do poste, do suporte da placa de rua (bem no canto do lado esquerdo da foto) e de um "toco" de metal que parece ter "sobrado" de um antigo poste (observe o lado esquerdo da foto, um pouco acima do meio-fio.



Vale a pena ver de perto!



Andando mais um pouco, chegamos à ponte que fica um pouco antes da sede do Sport (do lado oposto da rua). Esse buraco está aí há meses, como todos os outros desta série. Mas há algo ainda mais notável, nesse caso: há pouco tempo (um ou dois meses, acho) foi feita uma obra nessa ponte. Foi um serviço até grande, tanto que o trecho da descida ficou interditado, obrigando os pedestres a andar na rua, junto ao meio-fio. Mas esse buraco, que aí já estava, aí continuou.



Pra encerrar a caminhada, a calçada do ex-terreno baldio. É preciso cuidado para não tropeçar e cair por cima da cerca de arame farpado. E muita atenção para não cair no buraco da esquerda - cabe uma pessoa dentro dele.



Os motoristas reclamam muito da quantidade de buracos nas ruas e avenidas do Recife. Com razão, é claro. E esse problema também afeta - e muito - os ciclistas, que além de serem obrigados a dividir a via com todos os tipos de veículos motorizados ainda têm que driblar os obstáculos. Entretanto, pouca atenção se dá aos buracos nas calçadas, como se pedestres e passageiros de ônibus não pagassem imposto ou, pior, como se também não fossem cidadãos.

Essas fotos mostram o que há de pior nesse trajeto de apenas 1,5km, mas há vários outros buracos e desníveis menores no caminho. Não existe uma única calçada sem problemas. Se eu fosse mostrar tudo, isto aqui viraria um ensaio fotográfico!

* Na realidade, ela só vira Abdias de Carvalho depois do "girador do Sport". Até a ponte do Sport, a rua se chama Paissandu, a partir da ponte, torna-se rua Sport Club do Recife (e até bem pouco tempo atrás chamava-se Rua Frei Matias Tevis). [observação adicionada por Márcio]

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Caminhos confusos

(por Márcio)

Hoje eu voltei a andar de ônibus. Desta vez para voltar para casa. Eu estava nas proximidades do Parque 13 de Maio e peguei o meu já conhecido Camaragibe (Príncipe). Esperei pouco tempo na parada em frente à Biblioteca Pública Estadual e lá veio meu ônibus. Um biarticulado com muitos lugares disponíveis.

O caminho do ônibus é mais ou menos óbvio até o momento em que ele pega a Av. Agamenon Magalhães. Para um ônibus que vai para Camaragibe, ou seja, pro final da Av. Caxangá, o mais lógico seria dobrar na Praça do Derby e aproveitar que radial leste-oeste, que tem via exclusiva para ônibus. Mas, como nunca se faz o óbvio em Recife, o ônibus segue pela normalmente congestionada R. Joaquim Nabuco (para quem não sabe nome de rua, a do hospital Santa Joana).

Neste aspecto até tive sorte, pois nem a Agamenon, nem a Joaquim Nabuco estavam engarrafadas. O problema - e aí não foi mais falta de lógica do sistema, mas falta de informação para mim - é que o ônibus não pegou a Av. Caxangá desde o seu início, mas só após a Rua José Osório (aquela que é cheia de concessionárias de carros, perto do Mercado da Madalena).

Aqui é preciso fazer uma ressalva em defesa do sistema de ônibus: já que o ônibus vai pela Joaquim Nabuco, realmente é mais lógico seguir em frente pela José Osório, em vez de dobrar na quase sempre engarrafada Real da Torre.

Como resultado, minha caminhada que seria de um pouco menos de 1 km, passou a ser de 1 milha (1.600 metros). Se eu não estivesse com pressa, nem o sol estivesse tão quente, até que seria uma caminhada agradável.

Claro que, parando para analisar a lógica do sistema, faz sentido este percurso do ônibus. O problema é que em Recife, exceto em alguns casos mais ou menos excepcionais, não é possível descer de um ônibus e pegar outro sem ter que pagar a mais por isso. Logo, os ônibus têm que fazer caminhos "alternativos", que não necessariamente são os que os passageiros desejam. O ideal é que com um bilhete de ônibus se pudesse trocar uma ou duas vezes de veículo, sem ter que pagar a mais por isso, como acontece em diversos lugares do mundo, como Roma e Salzburgo.

Ah, se fosse possível essa troca, possivelmente poder-se-ia reduzir o número de ônibus que passam pelo centro, sem ter que piorar o serviço para os passageiros. Vejam que o ônibus em que eu estava estava vazio e não pegamos grandes engarrafamentos. Mesmo assim, antes mesmo que eu saísse da parada em que desci, passou um outro Camaragibe (Príncipe) - naturalmente, também vazio.

Claro que eu não estou reclamando de pegar ônibus vazio, mas o sistema deve ser racional. Com certeza, durante todo o percurso da Av. Caxangá iria trafegar dois ônibus da mesma linha, um atrás do outro. Enquanto que em outras linhas, a espera por um ônibus pode ser muito grande. Talvez, no horário de pique seja necessária essa freqüência, para que os ônibus não vão lotados. Talvez até mesmo neste horário seja necessária essa freqüência em dias que não há vestibular ou ao se aproximar de Camaragibe. Mas hoje, com certeza, houve excesso de ônibus da linha Camaragibe (Príncipe).

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Resposta parcial

(por Cláudia)

"Resposta parcial". Esse foi o assunto do e-mail que recebi no último dia 9/11 em resposta à mensagem que enviei para a ouvidoria do Consórcio Grande Recife por conta de um ônibus que esperei por uma hora (e não passou) e do fato de que não consigo ligar para a central 0800 do consórcio, nem pelo telefone móvel, nem pelo fixo.

A mensagem diz o seguinte: "Informamos que todas as informações contidas no seu e-mail foram encaminhadas para a gerência específica, no caso a GERÊNCIA DE EDUCAÇÃO E RELACIONAMENTO, para que sua manifestação seja verificada. Retornaremos com a resposta do setor".

Hoje, dez dias depois de ter enviado a reclamação, não recebi absolutamente nenhuma resposta completa. O serviço é parcial, o atendimento também.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

O primeiro estresse

(por Cláudia)

Hoje foi o primeiro dia em que o sistema de ônibus realmente me estressou. Nem mesmo ter pego o ônibus errado me deixou tão irritada. Saí do trabalho às 16h40 para ir à fisioterapia (tinha planos de chegar à clinica umas 17h30), e precisava pegar a linha Sítio dos Pintos/IMIP (Joana Bezerra) na parada da Rua Frei Matias Teves. Pois bem. Esperei exatamente uma hora e o ônibus simplesmente não passou (nesse período, passaram 6 ou 7 ônibus da linha Mustardinha).

Após uns 40 minutos de espera, resolvi telefonar para a central 0800 do Consórcio Grande Recife com o intuito de relatar o problema e tentar descobrir o que havia acontecido. E o que aconteceu? Descobri que o 0800-0810158 não recebe chamadas de telefone móvel! Sim, o usuário que está na parada de ônibus precisa arrumar um orelhão (coisa rara hoje em dia) ou um telefone fixo para poder entrar em contato com a central de atendimento.

Às 17h40 desisti da fisioterapia, peguei próximo Mumu que passou e fui pra casa, onde cheguei às 18h00. Liguei o computador e entrei no site do Consórcio Grande Recife, onde verifiquei que (em tese) os ônibus da linha Sítio dos Pintos/IMIP (Joana Bezerra) ainda passam na Rua Frei Matias Teves. Peguei o meu telefone fixo e liguei para a central 0800. O que aconteceu? Uma gravação me disse que "o número do serviço discado não pode ser acessado por esta área geográfica"! Como assim? Eu moro no Recife, o consórcio se chama "Grande Recife". De que área então eu deveria ligar?

Restou-me apenas preencher um formulário no site do consórcio e enviar um e-mail para a ouvidoria. Vamos ver se eles me "ouvem". Duvido muito. Mas vou esperar 2 ou 3 dias antes de tomar outras providências. Segue abaixo a mensagem que enviei (se é que eles recebem mensagens enviadas dessa área geográfica).

Prezados senhores,

Tenho várias reclamações a fazer.

Hoje à tarde esperei durante uma hora (das 16h40 às 17h40) por um ônibus da linha Sítio dos Pintos/IMIP (Joana Bezerra), nº527, na parada da Rua Frei Matias Teves, em frente ao número 280 (Empresarial Albert Einstein). Deixei de ir fazer meu tratamento fisioterápico porque o ônibus não passou.

Ainda na parada, querendo saber se havia algum problema com a linha na data de hoje, telefonei para a central 0800 do Consórcio Grande Recife e de nada adiantou porque a central não recebe ligações de telefone móvel. É um absurdo, porque é o celular o que o usuário tem para telefonar quando está na rua.

Cheguei em casa às 18 horas (ainda no horário de funcionamento da central 0800) e liguei de um telefone fixo. Tudo o que consegui foi uma gravação: "o número do serviço discado não pode ser acessado por esta área geográfica". Eu moro no Recife, no Bairro do Prado, às margens da Av. Abdias de Carvalho. Se dessa área eu não posso utilizar o serviço, de onde então?

Venho requerer-lhes, portanto:
a) Uma explicação para o fato de não haver passado nenhum ônibus da linha 527 na parada e no horário mencionados;
b) Que o Consórcio Grande Recife tome as devidas providências para que a central 0800 passe a receber ligações de telefone móvel, o que é, hoje em dia, imprescindível para que seja prestado um atendimento minimamente decente ao usuário;
c) Uma explicação para o fato de eu não conseguir ter acesso à central telefônica nem mesmo de um telefone fixo às margens da Av. Abdias de Carvalho e a menos de 2 km da Av. Agamenon Magalhães.

Atenciosamente,
Cláudia Holder


Nome ou número?

(por Cláudia)

Um dia desses eu peguei o ônibus errado. Estava na Av. Conde da Boa Vista esperando o transporte para ir para o trabalho, e tinha duas opções: Mustardinha, que carinhosamente chamo de Mumu, e Totó (Abdias de Carvalho). O Totó passou primeiro, e por isso foi o "escolhido". Ele devia seguir pela Conde da Boa Vista em direção ao centro da cidade, passar pela Ponte Duarte Coelho, Rua do Sol (...) Rua Velha (...) e, finalmente, chegar à Rua Frei Matias Teves. Mas não foi o que aconteceu.

Depois de atravessar a pela Ponte Duarte Coelho, O ônibus foi para a Av. Guararapes, seguiu pela Av. Dantas Barreto, fez um arrodeio, passou de novo pela Guararapes, retornou à Conde da Boa Vista, passou pela Praça do Derby, Ponte da Capunga, Rua José Osório etc., até chegar à Av. Abdias de Carvalho. Quando percebi que a coisa ia piorar, desci na frente da FIR e peguei um táxi para o trabalho. Resultado: gastei mais tempo e mais dinheiro.

Todo esse transtorno poderia ter sido evitado se eu tivesse prestado mais atenção. Porque mais tarde me dei conta do que houve: eu peguei Totó (Jardim Planalto) e não Totó (Abdias de Carvalho). E acho que o que me confundiu foi uma placa na frente do Totó (Jardim Planalto), que dizia "via Abdias de Carvalho". Bom, fora o bacurau existem três ônibus de nome "Totó". o Terceiro chama-se Totó/Boa Viagem (não sei porque esse tem uma barra no lugar dos parênteses).

Até pensei que para diminuir os riscos de pegar o ônibus errado bastaria ficar de olho no número, mas confundir a linha 331 com a linha 332 é tão fácil quanto confundir Totó (Jardim Planalto) com Totó (Abdias de Carvalho). O jeito é prestar muita atenção.

Ajudaria muito se dentro de cada ônibus houvesse uma placa com o roteiro daquela linha (pelo menos eu teria percebido logo que havia pego o ônibus errado). É uma medida simples e que seria útil também para os passageiros saberem melhor o quanto estão perto de sua parada. Mas decerto o Consórcio Grande Recife e as companhias de ônibus não estão nem um pouco interessadas em melhorar o serviço.

"Deram um trato" no terreno baldio

(por Cláudia)

Lembram-se daquele terreno baldio que dificultava meu trajeto noturno a pé do trabalho para casa? "Deram um trato" nele! Um belo dia, mais ou menos em 20 de outubro (sim, eu preciso de mais tempo para atualizar este blog), passei pela frente e vi que estavam limpando a área. Dias depois não havia mais mato, e o terreno ganhou uma cerca de arame farpado (a foto abaixo mostra o estágio inicial da mudança, ainda sem o arame). Acho muito inapropriado usar arame farpado assim, num local tão exposto, por onde tantas pessoas (inclusive crianças) passam. Mas devo admitir que é melhor assim do que como era antes.



A calçada do terreno continua muito mal cuidada. Há um buraco enorme (muito profundo) bem na esquina, e várias irregularidades no resto da calçada. Também já começaram a jogar lixo no terreno, apesar da cerca. Mas, tentando não ser muito ranzinza, é um fato a ser comemorado.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Linha 527: mais um ônibus em minha vida

(por Cláudia)

Esta semana descobri um ônibus perfeito para ir do trabalho para a clínica onde faço fisioterapia, lá na Rua do Futuro: Sítio dos Pintos / IMIP (Joana Bezerra). Passa na parada que fica a poucos metros de onde eu trabalho, para na Av. Rosa e Silva, e faz exatamente o mesmo trajeto que eu faria se fosse de carro.

Na quarta-feira (13), saí do trabalho às 17h15 e vi o ônibus chegando na parada. Corri um pouquinho, só pra garantir, e peguei-o segundos depois. Estava muito vazio e eu escolhi um lugar na janela. A essa hora, como sempre, o trânsito já estava caótico naquela região, e levamos sete minutos para chegar à Av. Agamenon Magalhães (um percurso de 250 metros). Velocidade média do trajeto: 2,14 km/h.

A avenida estava livre, mas havia engarrafamento na altura da Praça do Derby porque um ônibus biarticulado fechou o cruzamento (não vi nenhum agente de trânsito na Agamenon Magalhães). Ás 17h34 chegamos na Rosa e Silva (na altura do Clube Português), outra área de engarrafamentos enormes. Ainda assim, desci do ônibus às 17h45, na primeira parada após o Náutico. Nesse momento, o ônibus já não estava tão vazio, mas ainda havia vários assentos disponíveis.

A caminhada até a Rua do Futuro foi tranquila. As calçadas eram ruins, mas não eram das piores. O maior problema foi um motoqueiro trafegando na calçada, já na Rua do Futuro. Mas escapei ilesa e cheguei a meu destino às 17h54. Foram 39 minutos de ônibus mais caminhada. Mais ou menos o mesmo tempo que eu gastava para ir de carro. Próxima semana tem mais!

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Voltando pra casa: Carro a 4,5 km/h

(por Cláudia)

Ontem (30/9) eu voltei a pé para casa. Como em ocasiões anteriores, levei 25 minutos para fazer o trajeto, que tem cerca de 1,5 km. Hoje eu saí de casa com o tênis na mochila, porque planejava repetir a caminhada. Mas Márcio estava perto do meu trabalho e se ofereceu para me buscar. Carona solidária de Marido não se recusa. :) Viemos de carro, exatamente pelo mesmo trajeto que faço a pé, e levamos 19 minutos para chegar. Isso dá uma velocidade média de aproximadamente 4,5 km por hora! Impressionante. E hoje o trânsito para casa não estava tão ruim.

Tanto ontem quanto hoje fotografei uma irregularidade antiga, que eu pretendia registrar há um bom tempo. As imagens estão muito ruins porque a primeira (de ontem) foi feita com o celular e a segunda (de hoje) foi tirada com uma câmera fotográfica de dentro do carro em movimento. E, devido a nosso horário permanente de inverno, já estava escurecendo. Mas dá para ver muito bem o que eu quero mostrar.





Trata-se de um estabelecimento comercial que faz algum serviço relacionado a carros. Não sei se venda, troca de peças ou instalação de equipamentos. Mas pouco importa. O fato é que ali, pouco depois do Sport Club do Recife, na bifurcação onde se dobra à direita para ir ao Supermercado Extra, pedestre não tem vez. Os carros tomam toda a calçada e as pessoas são obrigadas a andar pela rua. O caos urbano no Recife parece não ter limites.

Um agradecimento

(por Cláudia)

Pedindo desculpas pela demora, gostaríamos de registrar nosso agradecimento à jornalista Julia Kacowicz, responsável pelo Blog de Meio Ambiente do Diario de Pernambuco. Ela se interessou por nossa experiência no Dia Mundial Sem Carro, e nossa saga acabou sendo publicada no blog ("O casal que deixou o carro na garagem" e "Descobrindo a vista do Capibaribe do ônibus") e no jornal, no dia 26/9. Obrigada, Júlia!



segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Por que a cidade é suja

(por Cláudia)

Enquanto esperava o Mustardinha, tive a oportunidade de exercitar meu autocontrole e fazer um teste cardíaco (situações como esta me levam a crer que meu coração é muito bom).

Estava eu na parada, esperando o Mustardinha, sem nenhum estresse, olhando aquele monte de carros apinhados, buzinando e soltando fumaça, quando de repente um plástico passa a meu lado num voo rasante. Eu pensei: "cidade imunda... basta ventar que o lixo voa". Daqui a pouco, outro plástico voador me fez perceber que a origem do lixo era um sujeito que estava na calçada, a poucos metros de mim. Respirei fundo e mantive a calma pra tentar não fazer confusão.

Daqui a pouco o terceiro plástico, que embrulhava alguma coisa que o tal indivíduo estava comendo, veio bem na minha cara. Não sei como ainda consegui me controlar (já estava com raiva de mim mesma). No quarto plástico, eu fui lá (não sei onde arrumei forças para ainda falar com alguma polidez):

- Por favor, senhor, não jogue lixo na rua. A cidade é feia, suja e fedorenta por causa de gente como o senhor. E mais: o terceiro plástico que o senhor jogou bateu bem na minha cara.

Ele, sem nenhum constrangimento, murmurou qualquer coisa que entendi como um grunhido de desculpas e se afastou para pegar o ônibus (fora da parada). Pois não é que ele jogou no chão um quinto pedaço de plástico antes de entrar no ônibus? O que se faz com um sujeito desse??

Detalhe: eu peguei o mesmo ônibus que a criatura (só que eu aguardei na parada) e, já com os batimentos cardíacos em disparada, tive que me controlar pra não falar mais nada.

A experiência continua

(por Cláudia)

No final do relato sobre nossa experiência no Dia Mundial Sem Carro eu escrevi "estou certa de que passarei a usar mais os ônibus", e é o que venho tentando fazer. Hoje, 27 de setembro, foram dois. Repeti o Totó (Abdias de Carvalho) para ir do curso para o trabalho, e a viagem foi tranquila e agradável como na outra vez.

A volta do trabalho para casa, porém, foi traumática: uma hora para fazer um percurso de 1,5km (incluindo a espera na parada). Cometi dois erros estratégicos. O primeiro foi não ter ido a pé para casa. O segundo foi deixar de pegar o Totó vazio só porque ele faz um trajeto mais longo. Resolvi esperar o Mustardinha, que veio cheio após mais uns 20 minutos de espera.

Lições do dia: 1) vá a pé sempre que possível (levar um par de tênis na mochila pode ser uma boa ideia); 2) vale a pena pegar um ônibus com percurso maior se ele passa primeiro e está vazio.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

De busão

Somos um casal de um carro só, coisa que já não é muito comum na classe média recifense. E gostaríamos de contar com ciclovias e um bom sistema de transporte público para não precisar nem desse. Carros geram mais engarrafamentos, poluição, barulho... tornam a cidade insuportável. Um sistema de transporte, como o de Recife, que privilegia o automóvel é insustentável: quanto mais vias são abertas, mais carros aparecem para ocupá-las. Este ano, no Dia Mundial Sem Carro – 22 de setembro –, resolvemos viver um dia diferente. Um dia sem carro.

A preparação

Para andar de ônibus era preciso saber que linhas pegar, e, claro, descobrir onde pegá-las. Para isso, usamos a Internet. A página do Consórcio Grande Recife, na seção “Atendimento ao Usuário”, traz o serviço “Itinerários”, onde podemos pesquisar o trajeto de cada linha e saber quais delas passam em determinadas ruas. Para saber como ir de um ponto a outro, usamos o site Ônibus Recife. Os dois sites são razoáveis. Nada que se compare ao Transport For London, mas o suficiente para o que precisávamos.

Nossa rotina

(por Cláudia)

Todos os dias de segunda a sexta Márcio dirige até seu trabalho, na Rua da Aurora, e me deixa no meio do caminho, seja no trabalho ou no curso de alemão. O carro fica com ele porque eu não tenho muita disposição para dirigir no trânsito caótico do Recife e também porque, indo aonde vou, eu gastaria mais do que ele com estacionamento.

Os demais trajetos que faço – do curso para o trabalho, de um trabalho para outro ou do trabalho para casa – são curtos, e geralmente tomo um táxi. Já me perguntaram por que não compro um carro para mim, mas essa hipótese está totalmente descartada. Carro custa muito caro (para adquirir e manter), e, fazendo as contas, no meu caso andar de táxi ainda é muito mais barato (e me poupa do estresse de dirigir).

Eu preferiria voltar para casa de ônibus, mas a parada perto do meu trabalho fica escura e deserta depois das 18h30. Há também o problema da parada de destino, porque entre ela e a minha casa há um terreno baldio tomado por um vasto matagal, esconderijo perfeito para indivíduos mal intencionados. Já voltei a pé em algumas ocasiões, quando meu expediente encerrou-se mais cedo. O trajeto tem menos de 2km, e seria saudável fazer diariamente essa caminhada, mas à noite outros pontos críticos, além do tal terreno baldio, tornam o percurso desaconselhável.


Terreno baldio sem muro e cheio de mato na Av. Abdias de Carvalho

O dia

(por Cláudia)

No dia 22, saímos de casa às 7h03, levando câmeras fotográficas para registrar nossa jornada. Eu levei também um podômetro – aparelhinho para medir o número de passos dados pela pessoa. Fomos de boné, para nos proteger do sol, e colocamos na mochila tudo de que íamos precisar naquele dia, inclusive os capacetes e mochilinhas de hidratação para o passeio ciclístico da CicloAdventure, à noite, em comemoração ao Dia Mundial Sem Carro. Levei o resto do sanduíche do café da manhã para comer no caminho.


Mochila grande não é bom para andar de ônibus, mas precisei dela

O primeiro desafio

(por Cláudia)

A primeira dificuldade a ser vencida nos aguardava na porta de casa: nossa rua está parecendo uma trincheira de guerra ou uma pista de enduro. Além de não ser asfaltada, há obras que se arrastam há quase 4 meses. Sim, temos que andar pela rua, porque as calçadas são muito ruins e uma das casas (como tantas outras no Recife) tem um cachorro que adora latir e assustar os pedestres que passam por lá.


Apesar de ser próxima ao centro, nossa rua ainda é de barro, e bastante esburacada


A calçada já era ruim, mas a obra na rua transversal a deixou pior ainda


Há noite, não há nenhuma luz sinalizando a obra

No resto do percurso até a Avenida Caxangá, enfrentamos a péssima qualidade das calçadas, característica que não é exclusiva da minha vizinhança. De quebra, conseguimos fotografar um dos muitos veículos que, diariamente, trafegam pela contramão na Rua Carlos Gomes, às vezes até em faixa dupla. É um problema recorrente, que já comunicamos diversas vezes à CTTU, mas, pelo visto, nenhuma providência foi tomada.


Aqui não tem desculpa de obra, não, a calçada é ruim mesmo


Dá para acreditar que a rua é mão dupla? Todo dia é isso e nunca aparece um guarda

Foram cerca de 1.000 metros até a Avenida Caxangá, percorridos em 13 minutos, e não encontrei um único lixeiro no caminho para jogar o saco do sanduíche que acabei de comer ainda perto de casa.

A parada na Av. Caxangá

(por Cláudia)

Finalmente, um lixeiro para meu saco de pão!


A primeira lixeira após 1 km de caminhada

A parada é suja e feia, mas a Prefeitura não é a única responsável por isso. As pessoas picham, riscam, colam cartazes nas paradas. Na época em que foi feita a reforma na Avenida Caxangá, com a instalação do corredor central de ônibus, eu morava na Iputinga e vi uma parada ser entregue toda ajeitadinha para amanhecer com uns 3 cartazes colados.


O espírito de porco das pessoas esculhamba com a parada; prefeitura deveria multar

Essa parada sofre do mal da maioria dos pontos de ônibus da cidade: não há – ou é tão escondida que eu não vi – nenhuma informação sobre as linhas que passam por aqui. Mas felizmente a gente sabia que as paradas na Caxangá não são seletivas, ou seja, todos os ônibus que passam na avenida (sejam eles quais forem) param em todas elas. O nosso era Camaragibe (Príncipe).

Enquanto esperávamos o ônibus, conseguimos registrar uma irregularidade bastante frequente: carros e motos trafegando pela faixa exclusiva de ônibus. Foram mais de vinte infrações! Já vi isso várias vezes, desde quando o corredor de ônibus foi implantado na Av. Caxangá, e percebe-se que nenhuma providência jamais foi tomada, apesar das diversas queixas que fiz à CTTU (e, suponho, outros cidadãos também fizeram).


Se houvesse câmeras, os "espertinhos" não fariam isso


Os mal educados são muitos, e não param de passar


O carro não consegue mudar de faixa e o ônibus tem que ficar esperando

Camaragibe (Príncipe)

(por Cláudia)

O ônibus chegou logo, mas estava lotado, como vários outros. Resolvemos esperar o próximo e, ainda assim, não passamos mais de 10 minutos na parada. Muito bom! O segundo busão também estava cheio, o que era mais inconveniente por causa das nossas mochilas, mas fomos assim mesmo. Ficamos em pé na “sanfona” (o ônibus era biarticulado), onde é mais vazio porque muita gente fica tonta ou tem medo de andar ali. Notei que o segundo “vagão” estava mais vazio, principalmente lá no final. É que o recifense tem o péssimo hábito de não ir para o fundo do ônibus, mesmo quando vai demorar a descer.


Lá vem ele!

Um outro problema do ônibus (não sei dizer se ocorre isso na maioria das linhas): aquela barra horizontal onde os passageiros que viajam em pé devem segurar é alta demais para pessoas do meu tamanho. Eu, que tenho 1,60m (baixinha, mas com várias companheiras de estatura no Recife), precisava ficar na ponta do pé para alcançá-la. Como se equilibrar assim?


Sem as mochilas, talvez até desse para entrar


O segundo ônibus: apertado, mas não lotado

Uma moça gentil se ofereceu para segurar minha mochila, mas eu agradeci e disse que não precisava, pois sabia que seria desconfortável para ela levar aquele peso todo no colo. Quando o ônibus estava passando na frente do Derby Center, conseguimos sentar.


Um lugar para sentar!

Cláudia desce do ônibus

Eu sabia que ia saltar na Rua do Príncipe. O problema era saber exatamente onde, pois na Internet essa informação não estava disponível. Fomos olhando a rua até que Márcio disse “acho que é a próxima”. Felizmente, deu certo. Uns 450 metros mais adiante, eu estava no curso, na Rua do Sossego, com 5 minutos de atraso (porque não peguei o primeiro ônibus).

Mais calçadas esburacadas ao longo do caminho. E um "fiteiro" que se apropriou da calçada (para passar, os pedestres têm que se espremer entre a barraca e o meio-fio).


Calçada da Rua do Príncipe de um lado...


... e do outro


Calçada invadida na Rua Bispo Cardoso Ayres


Ainda a Bispo Cardoso Ayres

Márcio continua no ônibus

Na realidade, deu certo para Cláudia, mas não foi a parada certa. Logo depois da Rua do Sossego tinha uma outra parada, que reduziria o percurso dela em uns 300 metros.

A minha parada era um pouco mais na frente, mas o resto do percurso não teve nenhum atropelo.


Após meia hora de viagem, a parada de destino

Cláudia e o segundo ônibus

Da Rua do Príncipe, caminhei até a Avenida Conde da Boa Vista para pegar o segundo ônibus, rumo ao trabalho. Foram cerca de 800 metros até a altura do Shopping Boa Vista. Eu tinha que pegar Mustardinha ou Totó (Abdias de Carvalho), sentido subúrbio - cidade, e procurei me certificar de que eles paravam ali. Como não encontrei nenhuma placa, pedi ajuda a uma vendedora de água e refrigerantes que trabalha ali. Ela me explicou que eu estava na parada A e esses ônibus param na B, logo adiante. Foi assim que eu descobri que a Av. Conde da Boa Vista tem paradas seletivas! A propósito, na parada B eu encontrei, sem dificuldades, a lista de ônibus que param ali.


Seria bom saber também a frequência de cada linha

Cinco minutos depois eu já estava dentro do Totó (Abdias de Carvalho), bem vazio, com assentos à vontade para eu escolher. O trajeto até o trabalho, na Ilha do Leite, foi muito rápido. E considero que foi o mais agradável do dia. Achei muito legal poder ir até lá olhando o centro da cidade (por mais feio, sujo e acabado que esteja).


O rio Capibaribe visto da janela do ônibus


Caos urbano: a calçada é das lojas, não dos pedestres

Márcio vai para o Pina

Saí da rua da Aurora, e entrei na Rua Princesa Isabel. Pela internet eu tinha visto que minha parada era na Rua Princesa Isabel, perto da Faculdade de Direito. Entre a Rua da Aurora e a Faculdade de Direito há duas paradas de ônibus. Apesar da fedentina e do péssimo estado da calçada, nas paradas havia a indicação dos ônibus que paravam em cada ponto. Graças a alguns vândalos, às vezes pode ficar impossível saber onde passa cada ônibus, mas encontrei a parada correta, sem ter que perguntar a ninguém.


Apesar do vandalismo, com algum esforço dá para ver os ônibus que param aqui

Não precisei esperar muito e o Setúbal (Príncipe) chegou logo. Não havia lugar para sentar, mas o ônibus estava quase vazio. Menos de quatro paradas à frente, surgiram alguns lugares e pude escolher onde me sentar.

O percurso até o Pina foi rápido e em cerca de 20 minutos cheguei a meu destino. Quer dizer, terminei descendo uma parada antes do necessário, já que no ônibus não há nenhuma informação das paradas, mas isso só acrescentou uns 350 metros a meu trajeto. O maior problema que eu tive foi atravessar a Av. Herculano Bandeira, já que o sinal de trânsito para pedestre demorou mais de 5 minutos para abrir.

Cláudia e o último ônibus

Saí do trabalho por volta das 19h00, rumo ao Pina, de onde sairia o passeio ciclístico. Nem na página do Consórcio Grande Recife nem no site Ônibus Recife eu consegui descobrir a que parada da Avenida Agamenon Magalhães eu deveria ir. Recorri a uma colega de trabalho que mora em Boa Viagem e não tem carro, e ela me explicou direitinho que eu deveria ir para a frente do Hospital Português e pegar o ônibus – qualquer um que fosse para Boa Viagem – na parada mais próxima ao viaduto. Foram 450 metros, aproximadamente, do trabalho até lá.

Ter muitas opções é uma grande vantagem. Eu não esperei nem cinco minutos até que um ônibus vazio parasse. Perguntei ao motorista se ele parava na igreja do Pina e ele, muito simpático, respondeu que sim. Embarquei. O ônibus estava vazio, mas não o suficiente para eu conseguir assento (mas eu era a única passageira em pé). Quando deu partida, o motorista fez o ônibus dar um sopapo (quase um “freio de arrumação”, só que ele não estava freando”) e – acreditem – pediu desculpas.

Fiquei atenta à rua e desci sem problemas na igreja do Pina, uns cinco minutos depois de pegar o ônibus. Sim, eu devia ter levado um cronômetro, mas não me lembrei de levar nem o relógio. De lá, caminhei cerca de 250 metros até a loja Impacto Bike, onde reencontrei Márcio.

Troquei de roupa numa lanchonete próxima (onde comi um sanduíche) e peguei minha bicicleta no carro de apoio da CicloAdventure (estrategicamente, havíamos deixado as bicicletas com a empresa no final do passeio de segunda-feira). Pedalamos do Pina até o Parque a Praça da Jaqueira, passando pelo Recife Antigo, e depois voltamos. Percurso total: 25 km.


Márcio, Cláudia e Neto, diretor da CicloAdventure

A volta para casa

(por Cláudia)

O passeio terminou às 11h da noite, e nos permitimos pegar uma carona de volta para casa na van da CicloAdventure. Afinal de contas, naquele horário as paradas da Av. Antônio de Góis já estavam muito desertas, e não podemos esquecer também o terreno baldio cheio de mato perto de casa.

Avaliação

(por Cláudia)

A experiência de um dia sem carro foi, no final das contas, bem agradável. Andar de carro, com ar condicionado, é confortável, sem dúvidas, mas nos priva de sentir a cidade, de interagir com as pessoas, de perceber que fazemos parte de uma comunidade. Penso que o isolamento dos moradores não é saudável e acaba nos levando a ter impressões erradas ou a exagerar algumas impressões corretas.

Quando comentei com algumas pessoas que deixaria o carro em casa nesse dia, muitas me disseram que não dá pra andar de ônibus porque eles são cheios, sujos, quentes e demorados. Agora eu posso dizer que não é bem assim. Com certeza todos esses problemas existem (é bom ficar claro que não estou, de forma alguma, elogiando o sistema de transporte público do Recife, que é realmente ruim), mas dependendo do horário, de onde você mora e para onde você quer ir, andar de ônibus pode ser agradável.

Quando eu estudava na UFPE (há uns 20 anos e depois há uns 10 anos atrás), não tinha carro e sequer sabia dirigir, meu sonho era me livrar do martírio de andar de ônibus todo dia. Acho que hoje muitos estudantes também pensam assim, e com razão. Eu sei o que é viajar espremida no Cidade Universitária, no CDU / Caxangá / Boa Viagem e no antigo Ceasa / Casa Amarela (que não existe mais ou mudou de nome). Mas há casos (vide essa minha experiência) em que andar de ônibus sem sofrimento é possível.

Várias pessoas também me disseram que “não dá pra andar de ônibus por causa da violência”, e eu acho que isso é meio exagerado. Nesse dia, em nenhum momento me senti assustada ou ameaçada. Fico muito mais tensa no carro, a cada sinal fechado. Andei muito de ônibus, de criança até meus 25 anos, mais ou menos, e nunca fui assaltada ou mesmo furtada. Nas duas únicas vezes na minha vida em que vi um revólver apontado para mim eu estava dentro de um carro. Há nos jornais vários relatos de assaltos a ônibus, mas há também muitos outros de assaltos a carros.

Daqui pra frente

(por Cláudia)

Apesar dessa experiência específica ter sido positiva, é claro que o transporte público do Recife está muito (muito mesmo) longe de ser eficiente. Precisamos de ciclovias, de um metrô de maior alcance, de um sistema de ônibus mais bem planejado. Não, nosso carro não ficará na garagem para sempre, nem será vendido tão cedo. Mas estou certa de que passarei a usar mais os ônibus, principalmente quando acabarem com o matagal do já famoso terreno baldio perto da minha casa. A bicicleta, infelizmente, continuará a servir apenas para lazer, porque o Recife é cheio de motoristas irresponsáveis e eu não quero arriscar minha vida em noma de uma causa.

(por Márcio)

Bom, também ajudaria se os ônibus tivessem ar-condicionado. Com o calor de Recife, mesmo saindo de casa antes das 7h00 e chegando ao trabalho antes das 8h00, suei um pouco, principalmente dentro do ônibus.