segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Resposta do Consórcio Grande Recife

(por Cláudia)

No dia 8 de dezembro, a mensagem que eu havia enviado à ouvidoria do Consórcio Grande Recife completou um mês sem resposta. Eu ia fazer um texto alusivo ao "mensário", mas no dia anterior, tento relatado o fato no Fórum Mobilidade Urbana e Qualidade de Vida, promovido pelo Observatório do Recife e pela Urbana-PE, fui procurada por um simpático funcionário do Consórcio que se comprometeu a providenciar uma resposta.

O funcionário cumpriu o prometido, e hoje eu recebi a resposta da ouvidoria. Gostaria de agradecer a ele pelo empenho na solução do problema, mas não posso deixar de fazer algumas críticas à situação, inclusive na expectativa de que o serviço prestado pelo Consórcio venha a melhorar.

Em primeiro lugar, é importante destacar que eu só recebi a resposta, um mês e cinco dias após ter enviado a mensagem, porque tive a oportunidade de contar a história no Fórum e a sorte de ser ouvida por um funcionário que estava lá e resolveu me ajudar. O que se espera de um bom atendimento é que todos os usuários sejam atendidos com rapidez pelo simples fato de entrar em contato.

Em segundo lugar, nem tudo foi esclarecido. Minha mensagem tratava de um problema que tive com a linha nº 527, Sítio dos Pintos/IMIP (Joana Bezerra): no último dia 8/11, passei uma hora na parada e o ônibus não passou. A resposta do Consórcio Grande Recife fala sobre isso, mas deixa de lado uma segunda questão, também abordada na minha mensagem: por que a central 0800 não recebe ligações de telefone móvel (para viabilizar o contato dos usuários que estão no meio da rua) e por que eu não consigo ligar para a central a partir do meu próprio telefone fixo? A dificuldade (ou mesmo impossibilidade) de se fazer um contato telefônico com o Consórcio é algo que requer uma explicação decente, não apenas para mim, mas para todos os usuários dos ônibus que circulam no Recife.

A resposta do Consórcio diz que "quanto aos celulares é preciso que seja desenvolvido sistema com monitoramento de GPS, para que possamos dar a informação deslocamentos, de onde estou ... para aonde vou". Bom, eu não desejava, naquele momento, uma informação do tipo "estou na Rua Frei Matias Téves e quero ir para a Av. Rosa e Silva". Queria apenas saber se a linha 527 ainda passava naquela parada. Não há necessidade de GPS para isso. Aliás, também não é necessário GPS para a primeira informação, porque o site Ônibus Recife, que sequer é vinculado ao Consórcio, já presta esse serviço.

Fui informada de que o problema com a área (quando eu fui ligar do meu telefone fixo para a central 0800 ouvi a seguinte mensagem: "o número do serviço discado não pode ser acessado por esta área geográfica") seria encaminhada imediatamente para a Oi Telemar, e que "este tipo de problema já ocorreu anteriormente". Ora, se o problema já havia acontecido, por que só agora a Oi Telemar será informada?

Com relação ao fato de o ônibus não ter passado naquele dia, a explicação foi "dia 20 de outubro de 2010 houve uma mudança do itinerário desta linha". Eu bem que suspeitava disso. Em sua resposta, o Consórcio informa que a alteração do percurso destinou-se a "atender aos funcionários e usuários do Fórum Joana Bezerra" e "foi divulgada através de cartazes em todos os ônibus que compõem a frota desta linha, bem como nas paradas da rua que deixou de ser atendida (Frei Matias Teves)".

Ok, a afixação de cartazes era o mínimo que poderia ter sido feito (ainda que eu não tenha jamais visto esse cartaz na parada, que é a mesma onde sempre pego a linha Mustardinha). Porém, no dia 8 de novembro, 20 dias após a mudança, o site do Consórcio Grande Recife (eu verifiquei assim que cheguei em casa, antes de mandar a mensagem para a ouvidoria) trazia a informação de que a Frei Matias Téves ainda fazia parte do itinerário dessa linha (hoje, felizmente, a informação já está atualizada). Ora, os cartazes nos ônibus servem para quem usa a mesma linha todos os dias, mas usuários eventuais não têm como adivinhar essas mudanças, até porque a parada não tem a lista das linhas que param lá.

Conclusão: apesar da boa vontade de alguns funcionários (espero que eles também sejam atenciosos com outros passageiros), o serviço de atendimento ao usuário do Consórcio Grande Recife tem muito a melhorar. Essa melhoria depende de mudanças simples, que não precisam de grandes investimentos, nem de alta tecnologia, mas de organização, planejamento e respeito ao cidadão.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Trilha para casa

(por Cláudia)

Domingo passado eu e Márcio saímos para tirar umas fotos para o relato que apresentamos ontem (7/12) no Fórum Mobilidade Urbana e Qualidade de Vida, promovido pelo Observatório do Recife e pela Urbana-PE (falaremos mais tarde sobre o evento). Fizemos alguns registros interessantes das calçadas por onde passo no meu caminho a pé do trabalho para casa, do cruzamento da Rua General Joaquim Ignácio com a Av. Agamenon Magalhães até a lanchonete Habib's da Av. Abdias de Carvalho. Para quem não sabe, a General Joaquim Ignácio é a rua onde fica o restaurante Skillus, na Ilha do Leite, que "vira" Abdias de Carvalho* do outro lado da Agamenon.

Eu já havia falado das calçadas do Recife aqui no blog, particularmente na Rua do Príncipe e na Rua Bispo Cardoso Ayres, no bairro da Boa Vista. Porém, como costumo voltar para casa à noite, nunca havia tido a oportunidade de mostrar a trilha que eu tenho que enfrentar ao longo desse caminho.

É assim que começa a minha caminhada pela Av. Abdias de Carvalho, logo após a difícil travessia da Av. Agamenon Magalhães:



A foto abaixo foi tirada uns 10 metros após a anterior. Nesse trecho, muitos pedestres têm que andar pela rua. Além da calçada, já estreita, estar em péssimas condições, um vendedor de batatas fritas instala sua barraquinha todos os dias, de segunda a sexta, logo após essa árvore que está em primeiro plano. Não bastasse isso, há uma parada de ônibus mais adiante (vejam lá atrás, na foto) e as pessoas precisam ocupar a calçada para esperar (o que é um direito delas, claro).



O buraco da foto acima visto de perto. Será que precisamos de botas de trekking e bastões de caminhada para andar pelo Recife?



O espaço dessa parada é absolutamente insuficiente para os passageiros que precisam esperar os ônibus.



Observem que a lateral da parada ocupa metade da largura da calçada, o que dificulta a passagem dos pedestres (a parada é necessária, a calçada é que é estreita).



A calçada está chegando ao fim, e será preciso atravessar uma pequena rua, com tráfego intenso (no horário em que passo por aí) para chegar à outra calçada. Não há faixa de pedestres (e se houvesse, provavelmente a maioria dos carros não iria respeitá-la). No outro lado da rua há um colégio. Para evitar que os pais possam parar os carros para deixar seus filhos sem atrapalhar muito o trânsito na rua, parte da calçada foi destinada aos veículos, em detrimento dos pedestres.



Aqui dá pra ver melhor: calçada para os carros!



E assim começa a calçada do colégio: acessibilidade zero! Se conseguir passar do meio fio sem acidentes, o pedestre ainda tem que se livrar do poste, do suporte da placa de rua (bem no canto do lado esquerdo da foto) e de um "toco" de metal que parece ter "sobrado" de um antigo poste (observe o lado esquerdo da foto, um pouco acima do meio-fio.



Vale a pena ver de perto!



Andando mais um pouco, chegamos à ponte que fica um pouco antes da sede do Sport (do lado oposto da rua). Esse buraco está aí há meses, como todos os outros desta série. Mas há algo ainda mais notável, nesse caso: há pouco tempo (um ou dois meses, acho) foi feita uma obra nessa ponte. Foi um serviço até grande, tanto que o trecho da descida ficou interditado, obrigando os pedestres a andar na rua, junto ao meio-fio. Mas esse buraco, que aí já estava, aí continuou.



Pra encerrar a caminhada, a calçada do ex-terreno baldio. É preciso cuidado para não tropeçar e cair por cima da cerca de arame farpado. E muita atenção para não cair no buraco da esquerda - cabe uma pessoa dentro dele.



Os motoristas reclamam muito da quantidade de buracos nas ruas e avenidas do Recife. Com razão, é claro. E esse problema também afeta - e muito - os ciclistas, que além de serem obrigados a dividir a via com todos os tipos de veículos motorizados ainda têm que driblar os obstáculos. Entretanto, pouca atenção se dá aos buracos nas calçadas, como se pedestres e passageiros de ônibus não pagassem imposto ou, pior, como se também não fossem cidadãos.

Essas fotos mostram o que há de pior nesse trajeto de apenas 1,5km, mas há vários outros buracos e desníveis menores no caminho. Não existe uma única calçada sem problemas. Se eu fosse mostrar tudo, isto aqui viraria um ensaio fotográfico!

* Na realidade, ela só vira Abdias de Carvalho depois do "girador do Sport". Até a ponte do Sport, a rua se chama Paissandu, a partir da ponte, torna-se rua Sport Club do Recife (e até bem pouco tempo atrás chamava-se Rua Frei Matias Tevis). [observação adicionada por Márcio]

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Caminhos confusos

(por Márcio)

Hoje eu voltei a andar de ônibus. Desta vez para voltar para casa. Eu estava nas proximidades do Parque 13 de Maio e peguei o meu já conhecido Camaragibe (Príncipe). Esperei pouco tempo na parada em frente à Biblioteca Pública Estadual e lá veio meu ônibus. Um biarticulado com muitos lugares disponíveis.

O caminho do ônibus é mais ou menos óbvio até o momento em que ele pega a Av. Agamenon Magalhães. Para um ônibus que vai para Camaragibe, ou seja, pro final da Av. Caxangá, o mais lógico seria dobrar na Praça do Derby e aproveitar que radial leste-oeste, que tem via exclusiva para ônibus. Mas, como nunca se faz o óbvio em Recife, o ônibus segue pela normalmente congestionada R. Joaquim Nabuco (para quem não sabe nome de rua, a do hospital Santa Joana).

Neste aspecto até tive sorte, pois nem a Agamenon, nem a Joaquim Nabuco estavam engarrafadas. O problema - e aí não foi mais falta de lógica do sistema, mas falta de informação para mim - é que o ônibus não pegou a Av. Caxangá desde o seu início, mas só após a Rua José Osório (aquela que é cheia de concessionárias de carros, perto do Mercado da Madalena).

Aqui é preciso fazer uma ressalva em defesa do sistema de ônibus: já que o ônibus vai pela Joaquim Nabuco, realmente é mais lógico seguir em frente pela José Osório, em vez de dobrar na quase sempre engarrafada Real da Torre.

Como resultado, minha caminhada que seria de um pouco menos de 1 km, passou a ser de 1 milha (1.600 metros). Se eu não estivesse com pressa, nem o sol estivesse tão quente, até que seria uma caminhada agradável.

Claro que, parando para analisar a lógica do sistema, faz sentido este percurso do ônibus. O problema é que em Recife, exceto em alguns casos mais ou menos excepcionais, não é possível descer de um ônibus e pegar outro sem ter que pagar a mais por isso. Logo, os ônibus têm que fazer caminhos "alternativos", que não necessariamente são os que os passageiros desejam. O ideal é que com um bilhete de ônibus se pudesse trocar uma ou duas vezes de veículo, sem ter que pagar a mais por isso, como acontece em diversos lugares do mundo, como Roma e Salzburgo.

Ah, se fosse possível essa troca, possivelmente poder-se-ia reduzir o número de ônibus que passam pelo centro, sem ter que piorar o serviço para os passageiros. Vejam que o ônibus em que eu estava estava vazio e não pegamos grandes engarrafamentos. Mesmo assim, antes mesmo que eu saísse da parada em que desci, passou um outro Camaragibe (Príncipe) - naturalmente, também vazio.

Claro que eu não estou reclamando de pegar ônibus vazio, mas o sistema deve ser racional. Com certeza, durante todo o percurso da Av. Caxangá iria trafegar dois ônibus da mesma linha, um atrás do outro. Enquanto que em outras linhas, a espera por um ônibus pode ser muito grande. Talvez, no horário de pique seja necessária essa freqüência, para que os ônibus não vão lotados. Talvez até mesmo neste horário seja necessária essa freqüência em dias que não há vestibular ou ao se aproximar de Camaragibe. Mas hoje, com certeza, houve excesso de ônibus da linha Camaragibe (Príncipe).