quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Trilha para casa

(por Cláudia)

Domingo passado eu e Márcio saímos para tirar umas fotos para o relato que apresentamos ontem (7/12) no Fórum Mobilidade Urbana e Qualidade de Vida, promovido pelo Observatório do Recife e pela Urbana-PE (falaremos mais tarde sobre o evento). Fizemos alguns registros interessantes das calçadas por onde passo no meu caminho a pé do trabalho para casa, do cruzamento da Rua General Joaquim Ignácio com a Av. Agamenon Magalhães até a lanchonete Habib's da Av. Abdias de Carvalho. Para quem não sabe, a General Joaquim Ignácio é a rua onde fica o restaurante Skillus, na Ilha do Leite, que "vira" Abdias de Carvalho* do outro lado da Agamenon.

Eu já havia falado das calçadas do Recife aqui no blog, particularmente na Rua do Príncipe e na Rua Bispo Cardoso Ayres, no bairro da Boa Vista. Porém, como costumo voltar para casa à noite, nunca havia tido a oportunidade de mostrar a trilha que eu tenho que enfrentar ao longo desse caminho.

É assim que começa a minha caminhada pela Av. Abdias de Carvalho, logo após a difícil travessia da Av. Agamenon Magalhães:



A foto abaixo foi tirada uns 10 metros após a anterior. Nesse trecho, muitos pedestres têm que andar pela rua. Além da calçada, já estreita, estar em péssimas condições, um vendedor de batatas fritas instala sua barraquinha todos os dias, de segunda a sexta, logo após essa árvore que está em primeiro plano. Não bastasse isso, há uma parada de ônibus mais adiante (vejam lá atrás, na foto) e as pessoas precisam ocupar a calçada para esperar (o que é um direito delas, claro).



O buraco da foto acima visto de perto. Será que precisamos de botas de trekking e bastões de caminhada para andar pelo Recife?



O espaço dessa parada é absolutamente insuficiente para os passageiros que precisam esperar os ônibus.



Observem que a lateral da parada ocupa metade da largura da calçada, o que dificulta a passagem dos pedestres (a parada é necessária, a calçada é que é estreita).



A calçada está chegando ao fim, e será preciso atravessar uma pequena rua, com tráfego intenso (no horário em que passo por aí) para chegar à outra calçada. Não há faixa de pedestres (e se houvesse, provavelmente a maioria dos carros não iria respeitá-la). No outro lado da rua há um colégio. Para evitar que os pais possam parar os carros para deixar seus filhos sem atrapalhar muito o trânsito na rua, parte da calçada foi destinada aos veículos, em detrimento dos pedestres.



Aqui dá pra ver melhor: calçada para os carros!



E assim começa a calçada do colégio: acessibilidade zero! Se conseguir passar do meio fio sem acidentes, o pedestre ainda tem que se livrar do poste, do suporte da placa de rua (bem no canto do lado esquerdo da foto) e de um "toco" de metal que parece ter "sobrado" de um antigo poste (observe o lado esquerdo da foto, um pouco acima do meio-fio.



Vale a pena ver de perto!



Andando mais um pouco, chegamos à ponte que fica um pouco antes da sede do Sport (do lado oposto da rua). Esse buraco está aí há meses, como todos os outros desta série. Mas há algo ainda mais notável, nesse caso: há pouco tempo (um ou dois meses, acho) foi feita uma obra nessa ponte. Foi um serviço até grande, tanto que o trecho da descida ficou interditado, obrigando os pedestres a andar na rua, junto ao meio-fio. Mas esse buraco, que aí já estava, aí continuou.



Pra encerrar a caminhada, a calçada do ex-terreno baldio. É preciso cuidado para não tropeçar e cair por cima da cerca de arame farpado. E muita atenção para não cair no buraco da esquerda - cabe uma pessoa dentro dele.



Os motoristas reclamam muito da quantidade de buracos nas ruas e avenidas do Recife. Com razão, é claro. E esse problema também afeta - e muito - os ciclistas, que além de serem obrigados a dividir a via com todos os tipos de veículos motorizados ainda têm que driblar os obstáculos. Entretanto, pouca atenção se dá aos buracos nas calçadas, como se pedestres e passageiros de ônibus não pagassem imposto ou, pior, como se também não fossem cidadãos.

Essas fotos mostram o que há de pior nesse trajeto de apenas 1,5km, mas há vários outros buracos e desníveis menores no caminho. Não existe uma única calçada sem problemas. Se eu fosse mostrar tudo, isto aqui viraria um ensaio fotográfico!

* Na realidade, ela só vira Abdias de Carvalho depois do "girador do Sport". Até a ponte do Sport, a rua se chama Paissandu, a partir da ponte, torna-se rua Sport Club do Recife (e até bem pouco tempo atrás chamava-se Rua Frei Matias Tevis). [observação adicionada por Márcio]

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