terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Cláudia, a atleta

(por Cláudia)

Dia desses eu estava voltando pra casa (a pé, como boa parte das vezes) e me deparei com o Mustardinha parado no início da Rua do Paissandu (a primeira parada depois de onde eu o teria pego). Resolvi fazer uma "aposta" com ele: vamos ver quem chega primeiro?

Deu empate.

Pode parecer inacreditável, mas eu e o Mustardinha chegamos juntos na parada onde eu teria descido. Ele, com um motorzão, numa avenida de três faixas. Eu, com dois pés, pelas calçadas esburacadas.

Percorrer um quilômetro com a mesma velocidade de um ônibus é motivo de orgulho pra qualquer pessoa. Vejam o que o trânsito do Recife pode fazer por nossa autoestima. :)

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Dolo eventual

(por Cláudia)

Uma coisa que muitos motoristas não conseguem entender (ou fingem que não entendem) é que o trânsito não é constituído somente de veículos motorizados. O artigo 96 do Código Brasileiro de Trânsito (Lei nº 9.503/97) traz uma relação dos veículos de passageiros, e a bicicleta é a primeira dessa lista.

Constitui infração, de acordo com o artigo 201 do CBT, "deixar de guardar a distância lateral de um metro e cinqüenta centímetros ao passar ou ultrapassar bicicleta". Também é infração, segundo o artigo 220, inciso XIII, "deixar de reduzir a velocidade do veículo de forma compatível com a segurança do trânsito ao ultrapassar ciclista".

Ainda assim, o que se vê nas ruas é um total desrespeito dos motoristas de veículos automotores em relação aos ciclistas. Na prática, boa parte deles não apenas ignora o que estabelece o CBT, como capricha na infração: acelera e bota por cima.

Olha, lá vem o "dolo eventual". É assim que eu costumo apelidar esses sujeitos, homicidas em potencial, que embora (talvez) não queiram matar os ciclistas, assumem esse risco e pouco se importam se isso acontecer. Afinal de contas, quem deu a esses "desocupados" o "direito" de usar a rua "deles"?

Pior ainda é quando esse tipo de comportamento vem de motoristas supostamente profissionais como taxistas e motoristas de ônibus. E foi o que presenciamos esta noite, pedalando com um grupo. Um carro de apoio sinalizava a passagem das bicicletas quando um ônibus entrou em alta velocidade na praça do Clube Internacional, desviou da van e seguiu com tudo para cima dos ciclistas que estavam à frente do grupo.

Por sorte, e graças à agilidade de alguns integrantes do grupo, que conseguiram fazer o motorista reduzir a velocidade (ele não parou), ninguém se machucou. Mas as autoridades e os gestores de empresas de ônibus (que deveriam capacitar os motoristas e ser mais criteriosos na escolha de seus "profissionais") precisam deixar de ser omissos se não quiserem ser cúmplices de uma possível tragédia.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Jardim São Paulo (Abdias de Carvalho)

(por Márcio)

Hoje eu tive um almoço no Paço Alfândega e resolvi abrir mão das caronas ofertadas para voltar de ônibus. Eu não sabia exatamente onde eu pegaria um ônibus para casa, mas sabia que, na pior das hipóteses, chegando na Av. Conde da Boa Vista teria ônibus que me servisse, ainda que eu imaginava que conseguiria pegar um ônibus na Av. Guararapes.

Sair andando do Paço Alfândega em direção à Av. Conde da Boa Vista é uma caminhada agradável e bonita. Depois que eu atravessei a Rua do Imperador, passei a seguir pela calçada da direita, na esperança de ver alguma parada de ônibus que me servisse (podia ser San Martin ou Totó - Abdias de Carvalho ou Mustardinha ou Mangueira, que eu me lembrasse).

Até chegar ao cruzamento da Av. Guararapes com a Av. Dantas Barreto, não tinha nome das linhas em nenhuma parada. A partir daí, havia algumas paradas com nomes, mas sempre de apenas uma linha. Resolvi continuar sem perguntar nada a ninguém e cheguei até a Av. Conde da Boa Vista, depois de 15 minutos de ter saído do Paço Alfândega (ainda teve uma pequena parada num camelô, para comprar uma fita de pescoço porta celular/pen-drive).

Assim que cheguei na Av. Conde da Boa Vista, na parada A1, vi que passavam três linhas de ônibus: San Martin (Abdias de Carvalho), Jardim São Paulo (Abdias de Carvalho) e Jardim São Paulo (Piracicaba). Bom, eu sabia que o San Martin me serviria e imaginei que o Jardim São Paulo (Abdias de Carvalho) também serviria. Fiquei nessa parada, mesmo.

Não demorou muito (dois ou três minutos) e passou o Jardim São Paulo (Abdias de Carvalho). Não tive dúvidas: embarquei.

O ônibus não estava cheio, mas não havia mais lugares sentados (fora eu, só tinha mais duas pessoas em pé). Tudo bem, pela primeira vez no ano eu estava pegando um ônibus sem lugar para ir sentado, mas isso não era um grande problema, já que o ônibus não estava lotado.

O rádio (ah, esse rádio) estava ligado na Recife FM, tocando um pagode, mas pelo menos a música(?) não estava alta. A cada parada da Av. Conde da Boa Vista, mais gente entrava no ônibus e ninguém descia. Quando chegamos na Praça do Derby, o ônibus ficou cheio - mas não superlotado.

Como eu esperava, o ônibus pegou a Ponte da Capunga, Rua José Osório, depois entrou na Real da Torre, cruzou a Av. Caxangá e assim que passamos a primeira parada da Rua João Ivo da Silva (a continuação da Real da Torre), pedi parada.

Para minha surpresa, em vez de continuar em frente, em direção a Av. Abdias de Carvalho, o ônibus entrou a esquerda na Rua Ricardo Salazar e lá abriu as portas e parou. Bom, desci do ônibus, com uma sensação de que estava descendo na parada errada, já que o ônibus iria dobrar a esquerda na Av. Carlos Gomes.

Felizmente que eu desci no ônibus, essa realmente era a parada mais perto do meu destino, pois logo depois de entrar na Av. Carlos Gomes, o ônibus entrou na Rua da Lama (nome oficial: Rua Gomes Taborda).

Como assim? O ônibus se chama Abdias de Carvalho mas não passa pela Abdias de Carvalho.

Calma, você pode me dizer: o Dois Irmãos (Rui Barbosa) só passa na Av. Rui Barbosa no sentido subúrbio-cidade. Indo para Dois Irmãos, ele vai pela Av. Rosa e Silva. É verdade, mas...

Em primeiro lugar, a Av. Abdias de Carvalho é mão dupla, logo se um ônibus vai por ela, ele deve voltar por ela. E pior, quando eu estava passando na frente da Rua da Lama, lá vem um Jardim São Paulo (Abdias de Carvalho) indo para o centro. E o que ele fez? dobrou na Av. Carlos Gomes na direção da Av. Caxangá (ou seja, se afastando da Av. Abdias de Carvalho).

Ou seja, o ônibus Jardim São Paulo (Abdias de Carvalho) não passa na Av. Abdias de Carvalho. Assim é para enlouquecer qualquer um.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Sem troco

(por Márcio)

Bom, apesar de estar com várias postagens em atraso, preciso pular para um fato ocorrido hoje.

Ontem o preço da passagem de ônibus subiu e o anel A, o mais comum, subiu de R$ 1,85 para R$ 2,00. Coincidentemente, hoje foi a primeira vez no ano* que eu fui pagar sem estar com o dinheiro contadinho.

Não achei que fosse ter problema em pagar a passagem com uma nota de dez reais, mas, para minha surpresa, ao entregar o dinheiro, a cobradora foi logo dizendo que não tinha troco. Por sorte, eu tinha uma nota de dois reais perdida na carteira e pude pagar o ônibus.

Não demora muito, outro passageiro paga com uma nota de dez reais. A cobradora já tinha troco, mas novamente ficou sem nenhuma reserva. Então ela comenta com o motorista que estava com problemas para dar o troco.

Próxima parada, próxima passageiro e... uma nota de dez reais. O pobre coitado teve que ficar na parte da frente, pois a cobradora não tinha troco.

Daqui a pouco o ônibus para, no Largo da Paz, o motorista pede dinheiro à cobradora e sai do ônibus para fazer a troca. Aguardamos uns dois minutos, e lá volta o motorista com o dinheiro trocado.

Depois disso, não vi mais nenhum problema com troco, até a chegada da minha parada, na Rua da Aurora.

Ah, apesar de ter parado para trocar o dinheiro, como o trânsito hoje estava bem tranqüilo, o ônibus chegou a minha parada até um pouco mais cedo do que costuma chegar.

Antes desse aumento, eu só tinha visto problema de troco com uma mulher que foi pagar com uma nota de vinte reais, mas falta de troco para até dez reais? O negócio está ruim.

Não sei se isto ocorre em todas as linhas, mas no ônibus Estrada dos Remédios que eu tenho pego sempre, é muito comum as pessoas pagarem a passagem com dinheiro. Era bom que tivesse um sistema de cartão pré-pago, para quem não é estudante ou beneficiário do vale transporte. Ajudava muito. Em Londres, inclusive, a passagem pré-paga custa a metade do que a passagem paga na hora, justamente para evitar problemas de troco.



*Neste ano eu tenho andado bastante de ônibus. Já foram cinco idas ao trabalho, ida a bar, ida ao RPG, ida às compras...

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

6 km no Pina: algumas observações

(por Cláudia)

Estávamos com algumas obras aqui em casa, e eu tirei a sexta-feira, 10 de dezembro (sim este texto está bem atrasadinho, mas continua valendo), para resolver algumas coisas lá no Pina. Fui de carro porque ia fazer compras e também porque pretendia tratar de outras pendências, depois, em Campo Grande.

Esse dia foi um caos. Faltou energia elétrica aqui em casa pelo menos desde as cinco horas da manhã (o fornecimento só voltou mais ou menos às duas da tarde), e vários sinais de trânsito aqui na Av. Abdias de Carvalho não estavam funcionando. Consegui me esquivar de boa parte da confusão seguindo "por dentro", pela Estrada do Bongi.

Chegando ao Pina, onde também havia sinais de trânsito sem funcionar, concluí que seria um enorme transtorno ir de carro aos locais aonde eu precisava ir. Estacionei numa rua perpendicular à Av. Herculano Bandeira e dei início ao que se transformou em uma caminhada de seis quilômetros.

Comecei andando pela Herculano Bandeira em busca de duas lojas de molduras. A primeira eu achei logo. Fui até o pé da ponte do Pina procurando a segunda, mas não encontrei porque (soube depois) havia mudado de endereço. Na volta, uma boa descoberta: a passarela da Herculano Bandeira encontra-se em ótimo estado e funciona direitinho, com escada rolante e elevador. O problema é que o local onde foi construída a passarela deve ter sido escolhido sem levar em consideração a necessidade dos pedestres, porque a maioria deles faz a travessia na frente da igreja. Dei 570 passos para ir de um ponto de travessia até o outro.





Resolvi ir ao supermercado Extra, na Conselheiro Aguiar, imprimir umas fotos. Do início da Herculano Bandeira até lá percebi que todas as paradas de ônibus (passei por 7 ou 8, se não me engano) trazem os nomes das linhas que param ali (o problema é descobrir o trajeto de cada uma dessas linhas). Na verdade, a parada número 6 não traz a lista das linhas porque a área originalmente destinada a isso estava ocupada com um anúncio do Passe Fácil, informando a obrigatoriedade da apresentação da Carteira de Estudante.

Caminhei até a Casa dos Frios, um pouco depois do Extra, e passei para a Av. Conselheiro Aguiar pensando em pegar um ônibus para voltar para o local onde havia deixado o carro. Mas como não sabia exatamente que linhas serviriam e onde eu deveria saltar, resolvi voltar a pé mesmo.

Mais ou menos na altura do número 1753, tive que caminhar pela rua porque diversos carros estavam ocupando todo o espaço da calçada (não havia sequer como andar entre eles). Resolvi ligar para a CTTU na esperança (remota) de que tomassem uma providência, e fui ao orelhão mais próximo, na frente do imóvel de número 1687 (meu celular - não que os cidadãos sejam obrigados a ter um - estava sem bateria). O aparelho estava quebrado. Destruído, na verdade.





Procurei o código do orelhão para poder comunicar o problema à Oi/Telemar, mas o número na tarjeta branca estava completamente apagado, o que, a despeito do vandalismo, indica que nenhuma manutenção é feita ali há muito tempo. Resolvi fazer uma queixa diretamente à Anatel.

Na esquina da Conselheiro Aguiar com a Rua Vicência, um outro desafio: inundação na calçada.





Teria sido fácil chegar ao outro lado da rua se eu tivesse um bote inflável guardado na bolsa. Mais fácil ainda se a Prefeitura tivesse um mínimo de preocupação com as calçadas da cidade. Mas pedestre não tem vez no Recife. O jeito foi atravessar a Conselheiro Aguiar, correndo (a faixa de pedestres mais próxima estava muito longe), e continuar a caminhada do outro lado.

Mais adiante, outro orelhão. Pensei que desta vez poderia fazer a ligação para a CTTU, mas este aparelho não tinha nem gancho! O código do orelhão? Absolutamente ilegível.





Passei pelo carro, guardei algumas compras e fui mais uma vez até a igreja do Pina, à procura de uma loja de vidros. De volta para o carro, fui pra casa, aborrecida com o engarrafamento, maior do que o esperado. O motivo? Um carro caiu no canal da Agamenon. Consegui tirar algumas fotos porque o sinal fechou justamente quando eu estava bem perto do local.





Eu não consigo entender como é possível um carro cair no canal da Agamenon, uma via que tem limite máximo de velocidade de 60 km/h. Parada no sinal, fiquei imaginando que eu teria alguma dificuldade em colocar meu carro ali dentro, mesmo que eu quisesse fazer isso de propósito.

Aqui está o mapa do trajeto de 6km:


Exibir mapa ampliado