segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Caminhos confusos

(por Márcio)

Hoje eu voltei a andar de ônibus. Desta vez para voltar para casa. Eu estava nas proximidades do Parque 13 de Maio e peguei o meu já conhecido Camaragibe (Príncipe). Esperei pouco tempo na parada em frente à Biblioteca Pública Estadual e lá veio meu ônibus. Um biarticulado com muitos lugares disponíveis.

O caminho do ônibus é mais ou menos óbvio até o momento em que ele pega a Av. Agamenon Magalhães. Para um ônibus que vai para Camaragibe, ou seja, pro final da Av. Caxangá, o mais lógico seria dobrar na Praça do Derby e aproveitar que radial leste-oeste, que tem via exclusiva para ônibus. Mas, como nunca se faz o óbvio em Recife, o ônibus segue pela normalmente congestionada R. Joaquim Nabuco (para quem não sabe nome de rua, a do hospital Santa Joana).

Neste aspecto até tive sorte, pois nem a Agamenon, nem a Joaquim Nabuco estavam engarrafadas. O problema - e aí não foi mais falta de lógica do sistema, mas falta de informação para mim - é que o ônibus não pegou a Av. Caxangá desde o seu início, mas só após a Rua José Osório (aquela que é cheia de concessionárias de carros, perto do Mercado da Madalena).

Aqui é preciso fazer uma ressalva em defesa do sistema de ônibus: já que o ônibus vai pela Joaquim Nabuco, realmente é mais lógico seguir em frente pela José Osório, em vez de dobrar na quase sempre engarrafada Real da Torre.

Como resultado, minha caminhada que seria de um pouco menos de 1 km, passou a ser de 1 milha (1.600 metros). Se eu não estivesse com pressa, nem o sol estivesse tão quente, até que seria uma caminhada agradável.

Claro que, parando para analisar a lógica do sistema, faz sentido este percurso do ônibus. O problema é que em Recife, exceto em alguns casos mais ou menos excepcionais, não é possível descer de um ônibus e pegar outro sem ter que pagar a mais por isso. Logo, os ônibus têm que fazer caminhos "alternativos", que não necessariamente são os que os passageiros desejam. O ideal é que com um bilhete de ônibus se pudesse trocar uma ou duas vezes de veículo, sem ter que pagar a mais por isso, como acontece em diversos lugares do mundo, como Roma e Salzburgo.

Ah, se fosse possível essa troca, possivelmente poder-se-ia reduzir o número de ônibus que passam pelo centro, sem ter que piorar o serviço para os passageiros. Vejam que o ônibus em que eu estava estava vazio e não pegamos grandes engarrafamentos. Mesmo assim, antes mesmo que eu saísse da parada em que desci, passou um outro Camaragibe (Príncipe) - naturalmente, também vazio.

Claro que eu não estou reclamando de pegar ônibus vazio, mas o sistema deve ser racional. Com certeza, durante todo o percurso da Av. Caxangá iria trafegar dois ônibus da mesma linha, um atrás do outro. Enquanto que em outras linhas, a espera por um ônibus pode ser muito grande. Talvez, no horário de pique seja necessária essa freqüência, para que os ônibus não vão lotados. Talvez até mesmo neste horário seja necessária essa freqüência em dias que não há vestibular ou ao se aproximar de Camaragibe. Mas hoje, com certeza, houve excesso de ônibus da linha Camaragibe (Príncipe).

Um comentário:

  1. É Márcio, a gente não precisa nem ir tão longe (Roma e Salzburgo) para ver esse tipo de serviço. Em São Paulo eles adotaram o sistema de Bilhete Único, que nada mais é que um cartão magnético com crédito que dá direito a 4 viagens em 3h com a mesma passagem. Pagando um pouco mais caro isso se estende para integração com os metrôs e trens que compõem a malha de transporte público da cidade. Para isso, o Recife precisa comer muita macaxeira com charque ainda! Um pena :(

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